O número de pensões pagas mensalmente pela Segurança Social caiu quase 14 mil entre dezembro de 2020 e maio de 2021, indicando a queda mais acentuada desde que há registos disponíveis. 

Segundo os dados estatísticos publicados pela Segurança Social, as pensões processadas registaram uma descida ao longo de cinco meses consecutivos, recuando de 2.068.464 pensões em dezembro de 2020 para 2.054.699 em maio deste ano. 

De acordo com Jorge Bravo, Economista e Professor na NOVA IMS, “a queda do número de pensões nos cinco meses em 2020-2021 está associada ao aumento da mortalidade causada pela pandemia de covid-19 e de outras doenças que não foram tratadas atempadamente, enquanto a redução verificada nos meses de 2014-15 estará ligada às restrições no acesso à reforma antecipada durante a ‘troika’ e ao aumento da idade da reforma.” 

Em 2012, o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, suspendeu o acesso às reformas antecipadas no regime da Segurança social, mantendo-as acessíveis apenas em situações muito específicas, como a dos desempregados de longa duração que esgotassem o subsídio de desemprego. Em 2014, a idade de acesso à pensão passou a ser variável em função da evolução da esperança média de vida aos 65 anos de idade. 

Segundo Jorge Bravo, “enquanto em 2014 a descida observada ao longo de vários meses consecutivos no número de pensões de velhice paga teve por base fatores administrativos, no período 2020-2021 está associada à pandemia, e à aceleração do fim de vida de algumas pessoas pela falta de cuidados de saúde ou detenção tardia de doenças graves.” 

Para além disso, o Professor afirma à agência Lusa, que espera no final do ano e início do próximo que se volte a registar uma nova descida de pensões pagas devido à elevada mortalidade que se está a registar causada pela pandemia e outros cuidados de saúde que foram deixados para trás.